José Maria da Silva Paranhos Júnior | Barão do Rio Branco (1902-1912) (12 h, dec 10, 1902 y – feb 15, 1912)
Description:
Histórico do Barão do Rio Branco
- José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, era filho do Visconde do Rio Branco
· Barão brincava que sala na casa de seu pai era o escritório do MRE; onde PEB se desenrolava
· Visconde do equilíbrio, conservador; crucial no processo de modernização do Brasil nos 1870s
· Teve importante atuação no Prata na década de 1860s
· Missão Paranhos em Montevidéu (1864-1865)
· Missão Paranhos no Paraguai (1869-1870); Juca Paranhos o acompanhou, secretariando
· O Visconde foi chefe do gabinete de ministro entre 1871 e 1875, durante segundo reinado
· OBS: Missões Paranhos não ocorrem durante mandatos de ministro de negócios estrangeiros
- No início, “lutava” para ganhar espaço no governo (sobrevivência política)
· Cônsul em Liverpool e ministro plenipotenciário na Alemanha (último posto antes de MRE)
- Atuou na época da primeira república, principalmente durante Rodrigues Alves (como Ministro)
· Antes, durante governo Prudente de Moraes, já atuara de forma excepcional
· Se demonstrou especialista em litígios fronteiriços
· Destacou-se, nesse período, nas questões de Palmas e Amapá
· “Colosso de Rodes” do Brasil, segundo brincadeira de Joaquim Nabuco
- Já como ministro de relações exteriores, atuará em outros dois importantes litígios de limites
· Questão do Acre (1903); Barão participa diretamente
· Questão do Pirara (1904): Joaquim Nabuco com Barão como MRE
- Apesar do Barão ser descrito como pacifista, era um realista, favorecido por conjuntura estável
· Mesmo um realista vai buscar relações sem violência, menos conturbadas
· Itamaraty construiu essa imagem de pacifista (santificação), que precisa ser respeitada
· No entanto, não esquecer que momento de estabilidade favorecia atuação pacífica
· Governo Campos Sales trouxe estabilidade internas em dois campos
· Político (política dos governadores); econômico (Funding Loan)
· É claro que a atuação excepcional do Barão é produto, também, da personalidade e talento
· Ele não é extremamente pacifista por se esforçar em maximizar os ganhos do Brasil
· Era um Bismark brasileiro, praticador do realpolitik
· Soube usar da força para intimidar bolivianos no litígio do Acre
· Deslocou tropas do exército para a região logo no início de Rodrigues Alves
· Ação pragmática, com propósito de contribuir para negociações diplomáticas
· Soube usar da força para intimidar peruanos durante tratativas (1900s)
· Lançou mão da modernização da marinha, em curso, para intimidar peruanos
· Buscou costurar aliança secreta com equatoriano (1904) para intimidar peruanos
· OBS: no caso de usar um desses eventos, descrevê-los como um outro talento do Barão
Rio Branco era um realista em política externa: afinal vivera sua vida madura na Europa, o continente da balance of power, e era contemporâneo – para não falar mais de Bismarck – do primeiro Roosevelt, o do national interest e do big stick. Contudo, sua personalidade tinha também nítidos traços idealistas, tais como os que encontramos em outro seu contemporâneo, Presidente Wilson, que pensava política externa em termos de princípios e valores e, antes de agir, sempre se perguntava: “Is that right? Is it just?”. Nosso barão sabia usar o poder e tinha a coragem de tomar decisões ousadas; mas não era um maquiavélico que aceitava todos os meios para chegar aos fins a que se propunha. Conhecia as incompreensões e frustrações que havia na América Latina em relação ao Brasil e queria contribuir para uma nova era de confiança e amizade. Um patriota, sim; mas que via o Brasil como um país que precisava se comportar sempre com dignidade.
Na França, onde o barão morou a maior parte do tempo e onde se localizava seu círculo de afinidade, a renovação foi vivida com grande dramaticidade na medida em que a geografia alemã atuava como importante campo de justificativa do expansionismo bismarckiano, que acabara de conquistar significativa porção do território francês.
O lado pelo qual o barão foi menos atacado na sua época, mas que agora seria o mais vulnerável, foi por ceder pouco, por ter sido muito duro com a Bolívia (Questão do Acre). Na verdade, Rio Branco exerceu o maior poder relativo que o Brasil tinha: as negociações diretas com o Syndicate, a nova interpretação do acordo de 1867 e a ocupação militar de todo o território – o declarado litigioso e o que estava ao sul deste, em poder de Plácido de Castro – foram atos de “realismo” político (a acusação de “imperialismo”, feita em alguns círculos latino-americanos, é excessiva). Não foi por acaso que a partir de então começaram a aparecer cotejos com Bismarck, o Chanceler da Prússia, que, a ferro e fogo, havia promovido a unificação da Alemanha. No Brasil, José Maria Bello, que conheceu pessoalmente o barão e era amigo de alguns de seus colaboradores, é um dos que gostam da comparação, vendo Rio Branco como um patriota realista “da família de Bismark [...] desdenhoso dos idealismos declamatórios, tão espontâneos no solo tropical da América Latina”.
O que será que hoje, cem anos depois, podemos dizer nós? Rio Branco, ao assumir, encontrou uma situação grave e complicada: uma região boliviana habitada por brasileiros, revoltados e vitoriosos; sem recursos para ocupar esse território, a Bolívia jogara a carta suicida do Syndicate. Qualquer solução possível teria um preço a pagar. Se fosse o barão um maquiavélico, deixaria as águas rolarem: o Acre ficaria independente, com o apoio discreto do Brasil, como exigia a opinião pública; e era só esperar para vê-lo entrar suavemente na nossa federação. Um Texas sem petróleo, mas com borracha, produto que na época significava 25% das nossas exportações (o Acre produzia 60% do total brasileiro). O que ele fez foi o melhor que poderia ter feito para os dois países. Não foi barato para nós, e a Bolívia perdeu uma região que não tinha condições de ocupar. Quando ele fala que a “libertou de um ônus”22, ele não está fazendo humor negro com nosso vizinho: acreditava piamente nisso. (Barão do Rio Branco: 100 anos de memória — Funag)
- Por muitos anos, foi o que mais tempo ficou no posto de Ministro das Relações Exteriores
· Atravessou mandatos presidenciais, de forma interrupta; 9 anos e 2 meses
· Campos Sales, Rodrigues Alves, Afonso Pena, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca
· Foi “superado” por Celso Amorim: 9 anos e 4 meses, 2 mandatos intercalados
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Date:
12 h, dec 10, 1902 y
feb 15, 1912
~ 9 years and 2 months