33
/
AIzaSyAYiBZKx7MnpbEhh9jyipgxe19OcubqV5w
August 1, 2025
1458501
414007
2

Os Modernistas (jan 1, 1931 – jan 1, 1945)

Description:

Poeta e autodidata, Bento Bruno de Menezes Costa foi um legítimo representante do modernismo regional. Seu talento em perceber na música negra novos ritmos e timbres, influenciou a construção de uma narrativa poética pioneira com personalidade tipicamente regional, como foi o caso da poesia "Batuque" lançada em 1931. Em consequência da nova corrente poética advinda da semana de arte moderna ele concebe a revista Belém Nova, como instrumento de divulgação dessa categoria. Entre suas diversas obras podemos mencionar "Maria Dagmar e o romance "Cadunga", "Onze sonetos" e "Lua sonâmbula", seu legado é uma grande contribuição para a literatura brasileira."

— “Nega qui tu tem?
— Maribondo Sinhá!
— Nega qui tu tem?
— Maribondo Sinhá!”
Sudorâncias bunduns mesclam-se
intoxicantes
no fartum dos suarentos corpos lisos
lustrosos.
Ventres empinam-se no arrojo da umbigada,
as palmas batem o compasso da toada.
— “Eu tava na minha roça
maribondo me mordeu!...” (Trecho do poema Batuque de Bruno de Menezes)

DALCIDIO JURANDI

Menino da beira do rio, nascido e criado no Marajó, Dalcídio Jurandir é autor de uma série de romances, que representava uma Belém na década 20 incorporada à realidade cotidiana da população amazônica, sobretudo as do Marajó e as dos subúrbios de Belém. Seu primeiro romance, "Chove nos Campos de Cachoeira", publicado em 1941, ganhou o prêmio “Dom Casmurro”, esse livro deu início a uma série de dez relatos ficcionais, que ficou conhecido como Ciclo do Extremo Norte. Nessas obras chamam a atenção um personagem peculiar "Alfredo", nome do pai de Dalcídio e alterego do escritor nas suas histórias. Ele narra as aventuras de um menino que em busca de melhoria de vida, muda para a cidade grande, o autor trata de suas mudanças da Vila para Belém, e por isto passa a morar na casa dos Alcântara, narrando a seus sentimentos de admiração e frustação que partilhava com seu caroço de tucumã, sua amiga, uma bolinha que tomava corpo de gente.

“Alfredo, então, avançou pela proa e saltou na calçada pisando o chão. Viu que andava sobre paralelepípedos (…). Por entre as pedras do chão da cidade grelavam capim. Que luz a de seu olhar cheio de uma cidade que era só sua, não daqueles barqueiros nem de sua mãe nem daquela gente alheia e indiferente que passava.(...) Sentiu-se feridopor uma piedade miúda e uma tristeza que agradava ao mesmo tempo o seu orguho de estar na cidade(...). Estaria andando direito como menino da cidade?” (JURANDIR, 2004, p.81). /// Alfredo estava cansado, mais cansado ainda talvez porque perdera o caroço de tucumã(...). O caroço ficara nos campos queimados contando a história do faz-de-conta. agora tem que ir ao tanque escolher outro caroço que fale como o outro lhe mostre os campos da Holanda... ( Dalcídio, 1997, p. 15-18)

BENEDITO MONTEIRO

Considerado no exterior como dos representantes da literatura brasileira neste estilo de narrativa, o romancista paraense Benedicto Monteiro, tem suas obras estudadas e prestigiadas no Brasil e pelo mundo a fora, sobretudo sua tetralogia amazônica composta por "VerdeVagomundo", "O Minossauro", "A Terceira Margem" e "Aquele Um". Benedicto publicou o seu primeiro livro de poesia em 1945, intitulado "Bandeira Branca", pela editora Zélio Valverd, prefaciado pelo escritor Dalcídio Jurandir. O poeta e escritor escreveu e publicou muitas obras, dentre elas, Maria de Todos os Rios e A Terceira Dimensão da Mulher e o seu livro de Contos O Carro dos Milagres já foi, durante vários anos consecutivos, recomendado como leitura obrigatória para o Vestibular. Em 2001, lançou em parceria com as Organizações Rômulo Maiorama- ORM, a obra História do Pará, distribuída em fascículos encartados pelo jornal "O Liberal", uma síntese da história paraense, desde os fundamentos da pré-história amazônica à sua contemporaneidade.

Depois que a noite se aquieta sobre a terra
a cidade fica de pés molhados
andando descalça pelo mundo
...................................................................
e a lua e as estrelas
lá no céu
ficam embaralhadas sobre o asfalto
pondo arte e poesia no tapete do triste vagabundo.

Benedicto Monteiro - Bandeira Branca
- aos 18 anos de idade

Added to timeline:

Date:

jan 1, 1931
jan 1, 1945
~ 14 years