apr 21, 1960 - Plano Trienal (1962)
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Plano publicado a 30 de dezembro de 1962, elaborado por uma equipe liderada por Celso Furtado durante os momentos finais da híbrida presidência “parlamentar” de João Goulart.
Com a inflação piorando mês a mês, o presidente lançou, no fim de 1962, um plano preparado por Celso Furtado, ministro extraordinário para assuntos de desenvolvimento econômico. O objetivo era conciliar crescimento com reformas sociais e combate à inflação. Segundo Furtado, o desafio era demonstrar, “contra a ortodoxia dos monetaristas, esposada e imposta pelo FMI, que era possível conduzir a economia com relativa estabilidade sem impor-lhe a purga recessiva”. (…)
[O plano] adotava a visão estruturalista da CEPAL. Enfatizava a substituição de importações como meio de ampliar o processo de industrialização. Furtado acreditava que a crise econômica derivava do modelo de desenvolvimento, mas a solução não estaria no abandono, e sim no “aprofundamento do modelo, ou seja, com a ampliação do mercado interno, através da reforma agrária e de outras políticas voltadas à redistribuição de renda”
João Goulart assumiu a presidência do Brasil em 1961 em meio a um quadro de grande instabilidade política e econômica. Chegou ao cargo após o Congresso Nacional receber um inesperado pedido de renúncia do então presidente Jânio Quadros, do qual Goulart era vice. Na ocasião da renúncia, Jango, como era normalmente chamado João Goulart, estava em viagem na China, país que havia assumido posicionamento de afinidade com o socialismo. Jango também era tido como simpatizante das idéias revolucionárias e desagradava os políticos e empresários nacionais, por isso em seu regresso ao Brasil houve tentativas de o impedir de assumir a presidência, o que era de seu direito. Esse estigma de ligação com o socialismo marcou politicamente o restante do governo de João Goulart que nem chegou ao fim do mandato, pois foi interrompido pelo Golpe Militar.
Não só políticos foram os problemas enfrentados por João Goulart, mas também econômicos. O Brasil passava por uma fase marcada por elevados índices inflacionários nos anos de 1961, 1962 e 1963, o que esteve relacionado também com a instabilidade política. No final de 1962, Jango reuniu sua equipe liderada pelo Ministro do Planejamento Celso Furtado para elaborar medidas que pudessem conter a inflação que batia marcas de 70%.
O Plano Trienal foi uma proposta elaborada por Celso Furtado que visava combater a inflação e fazer o Brasil crescer a uma taxa de 7% ao ano, além de iniciar uma política de distribuição de renda. A execução do Plano Trienal partia do princípio de substituição das mercadorias importadas por mercadorias nacionais, feita de forma gradual. Acreditava-se, assim, que a valorização da mercadoria interna ajudaria a aquecer o mercado nacional e alavancar a economia.
O Plano Trienal fazia grandes investimentos no mercado interno e acreditava numa taxa de crescimento das indústrias brasileiras na casa dos 70%, o que era surreal. Tais crenças demonstravam como a proposta era mal elaborada, além de evidenciar contradições, já que ocorreu aumento de impostos e tarifas, aumento de salários e busca de recursos externos em meio a uma política de combate ao produto estrangeiro.
Com todos os apontamentos apresentados já no planejamento do Plano Trienal e sua aplicação prática, tornou-se visível a fraqueza da proposta e o fracasso era inevitável. Almejando alcançar grandes números e numerosas conquistas para a economia brasileira, o Plano Trienal se deparou, em 1963, com um crescimento do PIB de apenas 0,6% e, em 1964, conheceu uma inflação geral de 91,8%.
O Plano Trienal serviu para aumentar a instabilidade política nacional. Todo o projeto elaborado pelo Ministério do Planejamento de João Goulart não rendeu o esperado e a oposição aumentou a quantidade de críticas sobre o presidente brasileiro. Este, por sua vez, em ações desesperadas, passou a editar decretos-lei tentando corrigir as situações desagradáveis no Brasil e passou a defender a reforma agrária. A situação foi se aquecendo cada vez mais, os trabalhadores ganhavam espaço com movimentos sindicais, a reforma agrária era associada ao socialismo e a economia apresentava índices desastrosos. O resultado de todo esse ambiente de contestação e instabilidade foi o golpe político dado pelos militares em 1964 que derrubou Jango do poder e iniciou uma ditadura que duraria mais de 20 anos no Brasil.
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