may 4, 1968 - A pedagogia do oprimido, de Paulo Freire (1968)

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Escrito na efervescência de um período politicamente conturbado, o livro A Pedagogia do Oprimido de Paulo Feire se estabelece como um dos principais pontos de caracterização educacional de um período no Brasil. Escrito durante o exílio político de Freire em 1968, o livro constrói a concepção de como o sistema educacional, que reflete os interesses políticos, sociais e econômicos de uma determinada classe, tem como função reprodução pragmática dos conceitos básicos da estrutura social construída por este grupo social. A partir de tais considerações, a reflexão básica seria que o oprimido não tem meios ou perspectivas de tornar-se livre referente as unidades educacionais dotadas destes sentidos sociais. No auge de movimentos sociais ao redor do globo pelas construções de movimentos populares contra os preceitos elitistas e opressores, o livro de Freire discute a relação educacional com a perpetuação da pedagogia do opressor. Paulo Freire traz a perspectiva de que a educação não é apenas um instrumento de alfabetização convencional para que determinada classe ou sujeito venha a conhecer as letras. Para Freire a educação é fundamental enquanto constituinte da formação social e política de cada cidadão inserido dentro de uma estrutura de sociedade. Para o autor, a pedagogia do opressor tem como função básica a desumanização e a marginalização de determinados grupos sociais que não atendam os anseios políticos das classes mais elevadas. A partir destas reflexões sobre como a pedagogia é vista neste meio social opressivo, Freire constata que o sistema educacional deve estar do lado dos pobres e socialmente excluídos, pois através da educação será retomado o sentido de linguagem e análise dos significados, dotando assim cada indivíduo de um peso, tanto histórico, como social. Freire possui uma visão utópica da sociedade e um forte apelo político e profético. O “radicalismo” social e político geralmente parte em defesa do mais oprimido, como sugere o título do livro, e reflete a partir de uma revolução popular questionando os meios de produção educacional.
A educação popular passa a ganhar força em dois pontos: quando Paulo Freire passa a estar vinculado à Secretaria de Educação na cidade de São Paulo e, no segundo momento, quando os espaços sociais passam a eleger líderes e representantes em nível governamental para a reprodução dos conceitos educacionais à nível institucional. Estes momentos ocorrem durante o período de redemocratização logo ao final da ditadura civil-militar. Nesta perspectiva, os líderes dos movimentos populares que refletem sobre uma educação popular, forçam e insistem na perspectiva educacional dentro da nova constituição do novo período democrático.

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